segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Brigadeirão


Vira e mexe encontro alguém que frequentou o Bar do Binho nos anos 90 e me perguntam : Tia Suzi, e aquele brigadeirão que vc fazia lá no bar, morro de vontade de comer de novo. Estou devendo pra algumas pessoas, pro Budinha, pra Keity da banca de jornal, pro Fernando da Vila Fundão e tantos outros. Meu amigo Binho ( é outro Binho ) também vivia me cobrando e neste carnaval estivemos em sua casa em Itapecerica e levei de presente, ele se deliciou.

Brigadeirão

2 latas de leite condensado
1 vidro de leite de coco
2 colheres de margarina
2 xícaras de chocolate em pó ( pode ser nescau mesmo )
5 ovos

Bater tudo no liquidificador, colocar numa forma de buraco untada só com margarina e levar ao forno em banho maria ( dontro de outra forma maior com água ) por aproximadamente 1 hora.
Desenformar frio e se tiver dificuldade de tirar da forma coloque sobre o fogo rapidamente que a margarina derrete e solta da forma mais fácil.
Decore com chocolate granulado.

Doce de casca de melancia


Ultimamente tenho aproveitado tudo na cozinha, nada se perde, tudo se transforma.
Em Ubatuba, durante a caminhada, resolvi fazer o doce de casca de melancia que comi na casa da minha irmã Regina ( cozinheira de mão cheia, tá sempre inventando receitas novas ).Alguns me olharam incrédulos enquanto eu recolhia as cascas pro doce , mas depois adoraram.
Semana passada recebi um e-mail do Nôno, uma grande pessoa que conheci na caminhada, dizendo que estava fazendo o doce na casa da tia dele.
O Nôno é espanhol, adora comer bem e não saía do meu lado enquanto eu cozinhava.Anotou várias receitas pra tentar fazer na Espanha, até mesmo da minha farofinha básica. Ele disse que não pode ir pra Espanha sem aprender a fazer pão de queijo, mas eu disse a ele que vai ter dificuldades em achar por lá o polvilho e o queijo meia cura. Daqui a pouco vamos ver algumas receitas brasileiras patenteadas na Espanha. Eu mato ele.

Doce da casca da melancia

Neste doce vc vai utilizar aquela parte branca que não tem gosto de nada. Retire a casca e a parte vermelha ( pode até deixar bem pouquinho da parte vermelha que fica bonito ).
Para uma metade de melancia use mais ou menos uns 4 copos de açucar, canela em pau e cravo da Índia.
Corte em tirinhas ou rale na parte grossa do ralador. Coloque numa panela grande junto com os outros ingredientes e leve ao fogo médio até que a casca fique cozida, molinha e a calda esteja mais grossa.

Este doce pode ser feito da mesma forma com chuchu e com mamão verde, tem quase o mesmo sabor.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pudim de leite


Esta receita é pro meu amigo/afilhado Gunnar. Domingo passado teve uma reunião do Donde Miras e depois fomos comer uma pizza na casa dele. Eu levei um pudim de leite e ele me disse que não sabia fazer, que queria aprender.
É uma receita muito simples e fácil de fazer, é a sobremesa favorita de um monte de gente ,mas tem muitos que não sabem fazer.

1 lata de leite condensado
2 medidas da lata de leite comum
3 ovos
açucar para caramelizar a forma
Vc vai precisar de uma forma de buraco
Coloque 1 copo e meio de açucar numa panelinha, vá mexendo até derreter bem ( cuidado pra não deixar queimar, porque fica amargo).Espalhe rapidamente numa forma de buraco ( seja rápido pois endurece rápido)
Bata no liquidificador o leite, o leite cond. e os ovos e despeje na forma caramelizada.
Coloque a forma dentro de outra maior com água para levar ao forno ( banho maria) por mais ou menos 1 hora.
Desenforme frio.

Primeira receita




Meu pai, Seu Zé

Eu tinha que começar com esta receita, é uma receita tradicional na minha família e em outras famílias mineiras.
Meu pai costumava nos acordar aos domingos com o cheirinho do biscoito de polvilho, ou como ele dizia, biscoito frito na gordura. Ele acordava cedinho, preparava os bicoitos e ia ao nosso quarto, colocava bem pertinho do nosso nariz até acordarmos, colocava o primeiro na nossa boca e depois tínhamos que levantar pra comer mais.
Na minha família todos sabem fazer, meus avós faziam, meus tios fazem e meus irmãos também. Pra mim tem um significado muito especial, não consigo fazer estes bolinhos em casa , quando tem pouca gente, gosto de fazê-lo quando tem uma turma grande.
Sempre que vou à casa do meu pai ele faz pra mim e quando meus irmãos estão juntos fica ainda melhor.

Biscoito de polvilho

500 gr de polvilho azedo
meio copo de óleo
meio copo de leite
2 ovos
sal à gosto
óleo pra fritar

Coloque o polvilho numa bacia. Ferva o óleo junto com o leite e o sal e despeje em cima pra escaldar o polvilho. Misture tudo e acrescente os ovos um a um.
A massa tem que ficar homogênea até soltar das mãos. Faça os bolinhos no formato que desejar.
Coloque numa panela média óleo suficiente pra cobrir os biscoitos . O segredo é não deixar o óleo quente, tem que manter a temperatura do fogo sempre baixa, do contrário os biscoitos podem abrir e estourar.
Cuidado!!! Deixe sempre à mão a tampa da panela, se começar a estourar tome cuidado, é perigoso e vc pode se queimar.


Eu e meu grande amor.
Este conto eu escrevi em 2007, quando participei do Curso de contos africanos e árabes.

Cuidado com o gordo que o gordo te pega!

Era uma pacata rua de periferia como outra qualquer. Crianças
brincando pela rua, jogando bola, amarelinha, pião, bolinha de gude,
pipa, enfim todas aquelas delícias de brincadeiras da infância.
Havia nesta rua uma família no mínimo excêntrica. A mãe, Dona Zilda,
um amor de pessoa, ajudou muito minha mãe nos dias difíceis. Ela fazia
a feira para sua casa e sempre levava umas coisinhas pra minha mãe.
Fazia bolos confeitados , coloridos, com aquelas pedrinhas de açucar
que pareciam vidro. Eu adorava.
Ela teve três filhos, assim como a minha mãe, só que os dela eram
todos homens. Eles tinham nomes bem diferentes: Newton, Shalton e
Washington, que para a molecada da rua se transformaram em Nilton,
Joaquinzinho e Chitão.
Eram bons meninos, mas muito tristes. Apesar de todo o carinho que
recebiam de sua mãe, seu pai, Seu Joaquim, aquele homem gordo e
bigodudo, era muito bravo. Não permitia que seus filhos brincassem na
rua. Lembro-me bem de suas carinhas na grade do portão nos espiando as
brincadeiras. Eu morria de dó e muitas vezes ficava do outro lado
brincando com eles.
Às vezes, dona Zilda corria o risco desafiando o marido e soltava os
meninos na rua , antes que ele chegasse do trabalho. Era uma alegria
para aqueles meninos; eles queriam correr, queriam aproveitar cada
minuto.
Todas as crianças da rua tinham medo do Seu Joaquim. Ele tinha um
vozeirão de arrepiar, tinha um bigode que parecia o do Zorro, mas a
barriga o fazia parecer o sargento Garcia. Nós o chamávamos de "O
gordo".
Quando jogávamos bola e ela caía no seu quintal, tínhamos que torcer
pra ele não a achar antes dos meninos, do contrário, lá se ía mais uma
bola. Ele passava a faca e devolvia pra rua, quanta maldade!
Para a maioria das crianças da rua, entrar naquela casa era um
desafio. Num bairro de periferia, geralmente as crianças tomam conta,
invadem as casas dos amigos, comem pão, bolo, o que tiver pela frente.
Naquela casa isso não acontecia. Eu era uma exceção: Dona Zilda me
adorava, dizia que eu ia me casar com o caçula, o Joaquinzinho
(Shalton), ela fazia coisas deliciosas e eu a ajudava a varrer a casa.
Todas as crianças me rodeavam pra saber o que eu estava fazendo lá
dentro da casa do Gordo.
Havia uma época do ano em que as crianças podiam entrar lá. Não me
recordo em que mês, acho que na época do calor, apareciam as
tanajuras, conhecida por alguns como Içá. Seu Joaquim adorava comer
bunda de tanajura frita, que nojo!
Como ele era muito gordo, tinha dificuldades pra pegá-las, então ele
pagava pra molecada pegar. Cada um arrumava uma latinha vazia e saia
pela rua, pegando tanajura, mas tinha que ser daquelas bem bundudas.
Para nós, crianças, era uma festa. Além da farra atrás dos bichinhos,
ganhávamos umas moedinhas e ainda por cima tínhamos a chance de entrar
na casa do Gordo.
No final, ele fritava as bundas das tanajuras e comia com farinha.
Aquele cheiro se espalhava por toda a vizinhança, era horrível.
Dona Zilda morreu muito nova, 33 anos, de derrame. Foi uma tristeza
danada, me lembro de ter sido meu primeiro contato com a dor da morte.
Seu Joaquim se casou logo, já tinha outra esposa na manga e os meninos
ficaram ainda mais tristes.
Esta é uma das histórias da minha infãncia. Poucas vezes depois disso
senti o cheiro de bunda de tanajura frita, nem sei se elas ainda
existem, mas é um cheiro que se eu sentir em qualquer lugar vou saber
identificar.
Quando criança tive um pequeno diário. Lá eu escrevia toda minha revolta de filha do meio que se sente rejeitada, eu sempre achei que minha mãe gostava mais da minha irmã mais velha, então um dia minha irmã achou meu diário embaixo do colchão e leu pra todo mundo, debochando dos meus sentimentos. Nunca mais tive um diário.
Agora resolvi criar este blog. Muitas vezes me vêm coisas à cabeça que quero registrar, não são poemas nem nada parecido, apenas pensamentos, ideias e muitas receitas. É verdade, quando não quero pensar nos problemas diários fico criando receitas , mas nem sempre tenho um papel à mão e acabo deixando pra lá.
Quem sabe com um blog eu me proponha a escrever um pouco mais.