domingo, 19 de setembro de 2010

BOLO DE MAÇÃ COM AÇUCAR MASCAVO


Peguei esta receita no verso da embalagem de açucar mascavo, fiz algumas modificações e ficou muito bom.

Ingredientes:

2 ovos
2 xícaras de açucar mascavo
1 xícaras de óleo
1/2 xícara de leite ou suco de laranja
ou suco de laranja
2 xícaras de farinha de trigo
1 xícara de aveia
1 colher de fermento
1 colher de chocolate em pó
1 colher de canela em pó
2 maçãs picadas
um punhado de uvas passas sem sementes
castanhas picadas ( se tiver )

Bater no liquidificador, os ovos, os leite ou suco e o açucar.
Misture numa vasilha, a farinha, o chocolate, a canela, o fermento. Despeje o líquido e misture tudo. Acrescente a maçã a uva passa e a castanha.
Leve ao forno pré-aquecido em forma de buraco , untada e polvilhada.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

AFLIÇÃO DE IDENTIDADE

Pedi ao meu amigo Shidon Soares um belo texto seu sobre o tema "Identidade", que tem muito a ver com o que tenho vivido como recenseadora do IBGE.

AFLIÇÃO DE IDENTIDADE ( SHIDON SOARES)

Reflexão: o indicador de identidade de um indivíduo é a cor de sua pele.
Um homem é negro, branco, vermelho, amarelo.
Estas são as quatro etnias da Raça Humana.
Em meu registro de nascimento está escrito: Cor: parda.
Por si só, a palavra é ilegal, imoral, mentirosa e ausente de si mesma,
Tal como um homem não ter consciência da cor que carrega,
Do nascer ao morrer e depois, uma vez que sua herança será deixada na cor.
Tal palavra sequer existe no dicionário de mais de quatrocentas mil palavras da Língua Portuguesa.

Qual é a minha cor afinal?
Sou negro ou sou branco?
Identidade:qualidade de idêntico, união com igual e por consequência
identificação com o que determina a identidade (Cor: parda? -interrogação-)
e por extensão conhecimento de uma coisa ou de outro indivíduo como os próprios, ou seja:
reconhecer-se, irmanar-se com o outro da mesma linhagem étnica.
Identidade parda: a qualificação (ou antes, a desqualificação) do indivíduo dentro de uma
caixa lacrada: Cor parda. Este o peso e a gravidade da inexistente e no entanto tão marcante
e carregada palavra de clara intenção separativa.
Se é para qualificar e determinar no indivíduo a idéia de identidade pela cor, porque não
então a cor marron como descritivo da tonalidade de pele?
Se é por questão de cor, então que me chamem de Marron, sim, por que é isto, somos
uma nação , um povo, um reino de seres marrons, de todos os matizes, tons, assim
como nos negros, vermelhos, amarelos e brancos.
Qual a cor dela? Branca igual leite.
E ele? Negro de ébano.
E ela? Amarelo pastel.
E a dele? Vermelho cobre.
E a cor dela? Marron chocolate.
Tão simples e sem o ranço da estúpida discriminação.
Porque é assim que vejo: clara e despudorada discriminação imposta
a toda uma etnia que vai estar presente pelos séculos sobre a face da terra, Os Marrons.

Identidade: Cor: parda. Consciência: sou negro ou sou branco?
Qual é a minha identidade, entre quais iguais sou igual?
Sou negro ou sou branco?
Sou lobo ou sou homem?
Sou mago ou charlatão?
Vou pedir um minuto de silêncio para me concentrar e dar uma resposta.
...
Mas, como já disse NSN, um minuto de silêncio é muito tempo
Já tenho a resposta e é uma pergunta:
-Cada um aqui sabe qual a sua cor?
Posso perguntar?
Todos provavelmente terão uma resposta exata,
Seja ela negro, amarelo, branco ou vermelho.
Mas a minha outra resposta ficará em branco,
Cravada dentro de um quadro negro,
Uma incógnita.

Que contradição viver assim. Identidade:cor:parda.
Mas esta é a vida e se chorar leva mais.
Menos que chorar vou olhar e conferir:
De noite todos os gatos são pardos.
É dia pleno e eu vejo tudo pardo.
E à luz do sol paro diante do espelho e me encaro:
Indicador de identidade dentro da sociedade: cor: parda.
Identidade: para aqueles que algum dia porventura se perguntaram:
-Afinal, a que grupo étnico pertenço dentro da Raça Humana?

(Só não vale fazer que nem o Ronaldo Fenômeno, que tem a certeza argentina de ser branco).

A FALTA DE SENSO DO CENSO

Estou trabalhando há alguns dias como recenseadora do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Tem sido uma experiência bastante interessante.
Algumas coisas têm me chamado muito a atenção, uma delas é o fato de que quase ninguém se declara negro, todos se dizem pardos. Eu não posso influenciar na resposta da pessoa, vejo claramente suas características negras mas tenho que colocar o que a pessoa diz. Alguns, quando se dizem negros, completam depois dizendo assim: " mas meus filhos já são mais brancos"; Como se quisessem amenizar a situação.
A pergunta que é feita pelo questionário do IBGE é a seguinte:
A sua cor ou raça é:
-branca
-preta
-amarela
-parda
-indígena
Não entendi ainda esta história de cor preta, alguém pode me ajudar? É correto ainda dizer "raça"? A raça não é a humana e ponto????
Li no blog do Augusto (http://www.oooaugusto.blogspot.com)ele contando como foi o recenseamento na sua casa. Ele resolveu dizer que era de raça indígena e neste caso abre uma opção - qual a sua etnia? - Ele respondeu que era da tribo dos " Kukukaya". É claro que a moça não encontrou esta etnia , mas deve ter ficado com a pulga atrás da orelha. Só o Augusto mesmo, ele é muito engraçado.
Mas não é só isso que me chama a atenção não. Me impressiona ver a quantidade de pessoas que vivem na miséria, famílias com 8 pessoas sobrevivendo com um salário mínimo de algum deles. Famílias enormes que vivem em dois cômodos e outras pouquíssimas de três ou quatro pessoas que vivem em casas com 3 ou 4 banheiros, onde todos trabalham ganhando acima de 1.500,00 reais.
Estive numa casa onde tinha um homem no muro que gritava com todo mundo que passava na rua. Sua irmã veio me receber e percebi que ele não era o único louco da casa. Era tudo uma loucura...
Uma das crianças ( eram várias) abriu o portão pra sair e o homem aproveitou e escapuliu. A irmã saiu batendo nele, mandando entrar senão ele ía apanhar mais e ela ía chamar a polícia. Ele sentou no chão e começou a gritar.Eu lhe estendi minha mão e disse- Vem que eu te ajudo a entrar-. Ele me olhou nos olhos, foi se acalmando e perguntou se eu entraria com ele. Eu disse que sim.
Ele se levantou, segurou firme na minha mão e foi entrando. Prendeu a outra mão no portão e falou - então entra comigo. Eu entrei e ele veio atrás. Pedi que ele se sentasse na escada e fui fazendo as perguntas do censo pra ele e ele tentando me responder do seu jeito.
A irmã disse: " Pensa que é fácil"?

Tenho ouvido histórias de vida muito interessantes, vendo situações que me fazem dar valor a tudo que tenho e parado de reclamar de barriga cheia.